Sobre este livro, meu primeiro conselho é: cuidado. Não é recomendado que você se atire de cabeça à esta leitura sem conferir previamente sua sinopse, pois você deve saber, a priori, que trata-se de um romance que mistura, brilhantemente, realidade e ficção, de modo que a um leitor leigo no assunto (o surgimento da "cura através da palavra", ou da futuramente conhecida "Psicanálise") seja difícil diferenciar os fatos reais e ficcionais.
Irvin D. Yalom explora lindamente a liberdade poética da criação literária ao nos apresentar em 402 páginas (descontando a sessão de "Nota do autor") uma história sobre angústias e crises existenciais de dois grandes nomes da Medicina e Filosofia: Josef Breuer e Friedrich Nietzsche, respectivamente. Ainda outro personagem de importância histórica comparece na trama, de maneira discreta: o ainda jovem estudante de medicina, Sigmund Freud.
Em diálogos perturbadores entre as personagens, o autor nos faz refletir sobre questões profundas como o medo, a doença, o envelhecimento, a morte, o amor, o desejo e o sentido da vida. As angústias compartilhadas por Breuer e Nietzsche talvez não sejam subjugadas pelo tempo, nem habitem, exclusivamente a cabeça dessas pessoas, mas são compartilhadas por muitos de nós, mesmo agora ou depois.
Temo não conseguir resumir as impressões deixadas pela obra. Penso que talvez fosse um pecado incorrer à tal tentativa. A força das palavras do autor, emprestadas aos atores da história, merecem ser apreciadas tal como foram de fato apresentadas, por isso, não me estenderei nos comentários e finalizo esse texto deixando a obra falar por si mesma, tomando a liberdade de unir dois momentos distintos da narrativa, por achar que se complementam :
Nas páginas 329 e 330:
- Eis a minha lição para você (Josef): Morra no momento certo! (...) Viva enquanto viver!
- (...) O que isso significa? - perguntou Breuer (...).
- Pergunte a si mesmo, Josef: Você consumiu sua vida? (...) Você viveu sua vida? Ou foi vivido por ela? Escolheu-a? Ou ela escolheu você? Amou-a? Ou a lamentou? Você a esgotou?
Na página 375:
- (...) Graças a você (Nietzsche), percebo que a chave para viver bem é primeiro desejar aquilo que é necessário e, depois, amar aquilo que é desejado.
- (...) Amor fati, ama teu destino!
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Dados da obra
Título: Quando Nietzsche Chorou
Título original: When Nietzsche wept
Autor: Irvin D. Yalom
Editora: Ediouro
Ano de publicação: 2005
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