Bem ali naquela esquina de edifícios gigantescos e transeuntes ocupados, entre o carrinho de cachorro-quente e o semáforo demorado, está a minha prisão. Sem grades, nem carcereiro, mas me mantendo afastada do calor do sol. Só uma brisa gelada corta o meu rosto, de vez em quando, e aumenta os meus calafrios. A comida não desce no estômago, as brigas entre estranhos são constantes e quase sempre sem motivo. Enquanto isso, mesmo involuntariamente, me mantenho distante de tudo, me concentrando em minhas próprias algemas, tão apertadas que começo a pensar que nunca sairão de mim. A prisão enlouquece e ao mesmo tempo te faz querer que ela nunca acabe, porque o que vem depois é incerto e pode ser ainda pior. Todos dizem que a minha hora vai chegar e eu finalmente poderei ver as cores do mundo, mas não estou tão certa. No momento é aqui que quero ficar, no encontro diário com teus olhos, enquanto atravesso a rua. Porque a despedida me condenou à uma infinidade de segundos de saudade sem direito à revisão de sentença.
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