Todos se foram e nós ficamos. As luzes foram, aos poucos, se despedindo; elas se foram e nós ficamos. Ficamos nós e o riso desmedido, o encontro feliz, biscoitos intocados e duas xícaras frias de café. E eu nunca fiquei tão satisfeita por pagar sem levar e perdi mais do que algumas notas para o balconista, deixei metade da minha lucidez com você.
Lembro da sua camisa comprida, parecendo ter sido roubada de alguém três vezes maior que você. E eu descobri, bem rápido, que você ocuparia um lugar em mim, mil vezes maior do que qualquer outra já havia ocupado. No seu jeito tímido de desviar do meu olhar, eu finalmente aprendi que as melhores verdades não precisam de palavras para existir.
E aqui estamos, com toda a felicidade do mundo contida entre dez dedos entrelaçados. Que importam os problemas e os tropeços se, a partir de hoje, voltarei para o seu abraço todos os dias? Já sei que haverão livros infinitos aparecendo em um canto ou outro da casa, filmes de terror antes de dormir, mais massas no meu cardápio e alguém me obrigando a ficar na cama, mesmo que eu não tenha sono. E eu poderia escapar de tudo isso. Mas não quero. É aqui que quero ficar, quando todos se forem, todo o café do mundo esfriar e todos os biscoitos encherem de poeira, eternamente presa no nosso sorriso.
E agora você aparece diante de mim com um vestido bem ajustado ao seu corpo, parecendo ter sido feito exatamente para conter todas as minhas partes favoritas do mundo. Imagino ter que aprender a guardar meus livros no lugar, a comer mais frutos do mar e trocar alguns filmes de terror por romance. Mas teu sorriso de satisfação vale mais do que qualquer coisa e eu faço de tudo para vê-lo brotar no seu rosto o maior número de vezes possível. Por tudo isso e por coisas que só a gente sabe, Pequena, eu digo sim agora e te dou não a minha, mas a nossa vida.
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