11 de agosto de 2014

Para além de um café

- Obrigada!
- Por ter te trazido pra tomar esse café? Imagina, não precisa agradecer. 
- Não é por isso.
- Por que então?
- Acho melhor começar a explicar a partir do princípio do fim.
- Como?
- É isso mesmo, querido. Vai fazer sentido assim que eu começar a explicar.
- Por favor...
- Bom, quando o meu primeiro namoro acabou eu quase morri de tanto amor. Porque amor demais quando não flui tende a se acumular e formar um coágulo dentro da gente. Eu não conseguia ficar sozinha, pois eu precisava que me dissessem que eu estava viva; precisava de alguém que me puxasse pra realidade, pois sem ele eu não tinha futuro, nem presente, só passado. Ele era mais do que aquela baboseira de "alma gêmea", era vida na minha vida. E quando o "nós" se foi, fiquei sem pronome pra conjugar os verbos, pois em mim não havia mais ação. Eu tive outros relacionamentos, como você sabe, e realmente amei outra pessoa, mas nunca me iludi: ninguém era como ele, pois ninguém conseguia ser aquilo que nem mesmo eu sabia que desejava tanto. E então veio você e não importa que você não sinta o mesmo que senti por você, pois você veio para mostrar que existem outras espécies de homens, capazes de materializar meus ideais. Eu te agradeço agora não pelo café, mas pela esperança que você fez renascer em mim. Agora posso voltar a dizer não somente que acredito no amor, mas que um dia ele há de me acertar uma vez mais.

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