7 de julho de 2014

Da Ana, carta 2

Caríssimo Zé,

Faz tempo que não te escrevo e confesso que morri de saudade de pôr no papel as minhas angústias (pra te ver tentando me fazer esquecê-las), as minhas tiradas divertidas (que você jura serem geniais) e mais um monte dessas miudezas que acontecem nesse tal de "seguir vivendo". 

Tenho passado meses difíceis, Zé. O Chico, o Caetano e a Maria cansaram de me colocar pra dormir e agora estou tentando ouvir algo que não me faça querer tomar boas taças de vinho pra acompanhar. Tenho sorrido constantemente, nas horas menos esperadas (enquanto corto os temperos, enquanto caminho pela rua...), e aquele arrepio repentino, que não consigo controlar, tem me tomado com igual frequência dos risos abobados. Meu coração está cheio de alegria, como não o sentia há tempos. Não, claro que não enlouqueci, Zé. Tudo isso é realmente difícil. Não sei o que fazer.

Prevejo você dizer:  minha cara, você está docemente ferrada. E estou mesmo. Mas não tem nada de doce quando a boca do outro lado carrega um azedume eterno. Por isso estou tentando não levar a minha boca e a minha cabeça pra lugar nenhum. 

Me chama pra tomar um chope, conhecer a América Latina, comer um pastel, ir à feira...fazer tudo que eu gosto. Mas não deixa eu me perder, Zé.


Um abraço demorado,

Ana, sempre sua.

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