4 de março de 2015

Bagunçê

Casa. Vinil. O Idiota. Quarto. Cobertor. Sua. Camisas. Rascunhos. Meu. Eu sei que vou te amar. Vê? É a nossa bagunça de sempre, mas há uma falta nesse lugar. O teu sapato sujo atrás da porta, talvez. Os pratos limpos ao acordar, quem sabe? Tá faltando você aqui, meu bem. Tenho acordado para fechar a janela na madrugada, porque só agora sei o quanto esse apartamento é frio. É estranho habitar o lugar de sempre e não reconhecer o seu entorno. Que lugar sou eu? Esse cômodo vazio aqui dentro, desconheço. Decidi reformar. Desfiz os nós do emaranhado que você deixou e transformei em laços que sustentam o meu sorriso. Ainda penso no nosso casamento no meio da semana, num horário bem inconveniente que é pra dar lugar ao nosso amor no caos da cidade, enquanto o cotidiano engole as outras pessoas. Tenho dançado todos os dias. Isso mesmo: dançar foi acrescido ao meu cotidiano. Percebi, em algum intervalo de lucidez, que apesar de você, tenho um cotidiano que pode ser adaptado à minha própria bagunça. Canetas. Quadrinhos. Olhos nos olhos. Xícara suja. Vê? Minha bagunça faz sentido sem você. Apesar da reforma, ainda é complicado aqui dentro.

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