Entre pessoas andando distraídas e carros passando com velocidade, ambos indo pra lugar de nenhuma importância, uma certa jovem foi atingida por um temporal. Houve quem achasse estranho: como pode todo mundo ficar seco e aquela moça encharcada? E a cada passo que ela dava, meio que dançando de alegria, o temporal a envolvia mais. O céu era azul lá fora e dentro dela, um arco-íris se formava, tudo graças ao pedacinho de dia cinza que resolveu pairar sobre a sua cabeça. Aliás, depois de uma observação mais atenta, a jovem pôde constatar que o temporal tinha várias faces e tons e cada vez que ela o olhava, podia se sentir mais envolvida. Como pode uma menina ser abraçada por um temporal? Da mesma forma que um dia uma tal de Ana se apaixonou por um tal mar! Certas coisas, como o clima, perdem a graça se a gente tenta explicar; melhor mesmo é senti-las! Sentir a chuva fria cair no corpo sem vida, chuva de palavras, foi mais do que suficiente para tornar a moça diferente da maioria: agora ela tem um sentido, sabe onde quer estar (e falta pouco).
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