Olho no olho levava a vida. Observava as pessoas que passavam por ela sem mencionar uma palavra, inventava capítulos para cada uma, escrevia histórias que nunca existiram e se apegava à memórias de ilusões. Era boa a vida na sua cabeça. Como um autômato, cumpria as tarefas do cotidiano. E cumpria mesmo; como quem faz o que não lhe convém. Distribuía sorrisos tímidos para os seus personagens que, sem saber da sua existência naquela mente, não davam nada em troca. E a cada dia, nos momentos mais impróprios, era assaltada por ideias e rostos que se entrelaçavam, formando uma teia de mentiras absolutas, tão materiais quanto a existência daquela que as criava. Sim, era etérea a sua existência! Talvez um dia encontrasse outro gás, capaz de se emaranhar nas suas teias, desfazendo nós e criando nós: eu e você ou ele e ela. Isso é uma questão de ponto de vista!
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